Os vícios, como a dependência online, compulsão alimentar e o desejo incontrolável de beber, fumar ou comprar, parecem ter se intensificado após a pandemia. Estima-se que existam mais de 12 milhões de dependentes tecnológicos apenas no Brasil.
Em 4 de outubro de 2021, ocorreu um evento notável. Mais de 2,85 bilhões de usuários do Facebook, 2 bilhões de usuários do WhatsApp e 1,3 bilhão de usuários do Instagram não conseguiram acessar essas redes sociais durante quase sete horas. Para quem sofre de dependência tecnológica, que afeta cerca de 468 milhões de pessoas, essa interrupção pareceu uma eternidade.
Especialistas comparam a internet ao vício em drogas, destacando que a sensação de receber curtidas em redes sociais pode ser tão viciante quanto consumir drogas. Além disso, recentemente, uma ex-executiva do Facebook, Frances Haugen, denunciou a empresa por priorizar o lucro em detrimento da segurança, comparando-a à indústria do tabaco.
A compulsão digital é um dos tipos mais recentes de dependência comportamental. Não é apenas o tempo gasto nas telas que define a dependência, mas sim a dificuldade em reduzir ou interromper esse comportamento, o que prejudica a vida pessoal, social, acadêmica ou profissional.
A dependência tecnológica não é o único problema. Jovens estão cada vez mais propensos a se viciar em redes sociais e jogos eletrônicos, esquecendo-se da vida real. Os videogames, em particular, foram classificados como transtorno mental pela OMS.
Além disso, existem dependências não químicas, como a compulsão alimentar, compras compulsivas e jogos de azar, que também podem ser problemáticas. Durante a pandemia, houve um aumento preocupante no consumo de álcool e tabaco, o que pode levar a dependências químicas.
O Que São Vícios?
Os vícios são comportamentos compulsivos que envolvem o consumo excessivo de substâncias ou a prática de atividades que proporcionam gratificação imediata, mas que têm efeitos prejudiciais a longo prazo. Essas dependências podem ser químicas, como o vício em álcool e drogas, ou não químicas, como o vício em jogos de azar, redes sociais, comida, compras, entre outros.
Diferença Entre Vícios e Transtornos Mentais
A principal diferença entre vícios e transtornos mentais reside na natureza do problema. Os vícios estão relacionados a comportamentos compulsivos e dependência de substâncias ou atividades, enquanto os transtornos mentais são condições de saúde mental que afetam o pensamento, o comportamento e as emoções, como depressão, ansiedade e esquizofrenia.
A Relação Entre Vícios e Transtornos Mentais
Vícios e transtornos mentais podem coexistir em uma mesma pessoa. Por exemplo, pacientes com determinados tipos de doenças psiquiátricas, incluindo distúrbios de humor, ansiedade e personalidade, têm maior probabilidade de desenvolver vícios. Além disso, o vício em substâncias pode desencadear ou agravar transtornos mentais, e vice-versa.
A Natureza dos Vícios
Para compreender os vícios, é essencial entender sua natureza. Os vícios podem ser tanto químicos quanto não químicos. Eles envolvem comportamentos compulsivos, busca por gratificação imediata e a incapacidade de parar, apesar das consequências negativas.
A Neurociência por Trás dos Vícios
A neurociência desempenha um papel crucial na compreensão dos vícios. A dopamina, um neurotransmissor, é frequentemente associada a esses comportamentos. A liberação de dopamina está ligada ao prazer e recompensa, o que explica por que os vícios podem ser tão gratificantes inicialmente.
Causas e Sintomas de Alerta
As causas dos vícios e dos transtornos mentais são complexas e multifacetadas, envolvendo fatores genéticos, ambientais, psicológicos e sociais. Sintomas de alerta para vícios incluem a perda de controle sobre o comportamento, aumento da tolerância à substância ou atividade, abandono de responsabilidades e relações pessoais, e a persistência do comportamento apesar das consequências negativas.
Abordagens de Tratamento Integral para Vícios
Existem várias abordagens no tratamento de vícios, cada uma desempenhando um papel importante:
Psicoterapia: A psicoterapia é essencial, fornecendo avaliação e apoio individual ou em grupo. O envolvimento familiar pode ser crucial para o sucesso do tratamento, abordando não apenas o indivíduo com dependência, mas também seu contexto familiar.
Medicamentos: Em muitos casos, o uso de medicamentos é fundamental para lidar com abstinência e condições paralelas, como ansiedade e depressão, que frequentemente acompanham os vícios.
Grupo de Autoajuda e Apoio Comunitário: Grupos de autoajuda, como Alcoólicos Anônimos, Devedores Anônimos e Comedores Compulsivos Anônimos, oferecem apoio valioso por meio de reuniões e compartilhamento de experiências.
Terapia de Reposição: Em casos específicos, como o tabagismo, a terapia de reposição de nicotina, sob a forma de adesivos ou goma de mascar, demonstrou aumentar significativamente as chances de abandonar o vício.
Internação como Último Recurso: A internação é considerada o último recurso no tratamento de vícios. Clínicas e hospitais especializados oferecem um ambiente controlado para pacientes com dependência.
A Estimulação Magnética Transcraniana de Navegação (EMT-NAV) no tratamento da dependência
A Estimulação Magnética Transcraniana de Navegação (EMT-NAV) tem sido estudada como uma abordagem promissora no tratamento de vícios. Ela atua principalmente em transtornos relacionados ao uso de substâncias, como tabagismo, alcoolismo e dependência de drogas. Aqui está como a EMT-NAV pode atuar no tratamento de vícios:
Modulação da Atividade Cerebral: A EMT-NAV utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro relacionadas à dependência química. Essa estimulação visa modular a atividade cerebral, reduzindo os impulsos de busca pela substância viciante.
Redução dos Cravings: Cravings são desejos intensos e irresistíveis pela substância viciante. A EMT-NAV pode ajudar a reduzir esses cravings, tornando mais fácil para o indivíduo resistir à tentação de consumir a substância.
Melhoria do Controle de Impulsos: Vícios frequentemente envolvem uma falta de controle sobre o consumo da substância. A EMT-NAV pode contribuir para melhorar o controle de impulsos, permitindo que o paciente tome decisões mais conscientes.
Aumento da Motivação para a Recuperação: A EMT-NAV também pode influenciar as áreas do cérebro relacionadas à motivação. Isso pode ajudar o paciente a se sentir mais motivado para buscar a recuperação e aderir ao tratamento.
Complemento ao Tratamento Tradicional: A EMT-NAV é frequentemente usada como complemento ao tratamento tradicional de vícios, que pode incluir terapia cognitivo-comportamental e suporte psicossocial. Ela não substitui outras abordagens, mas pode ser uma ferramenta valiosa no tratamento abrangente.
Personalização do Tratamento: Cada paciente é único, e o tratamento com EMT-NAV é personalizado de acordo com as necessidades e características individuais. Isso garante uma abordagem direcionada e eficaz.
Conclusão
Vencer um vício é um desafio, mas é possível com apoio, tratamento adequado e determinação. A conscientização sobre os riscos associados aos vícios é o primeiro passo para uma vida mais saudável e equilibrada.
Se você ou alguém que você conhece está lutando contra um vício, lembre-se de que há ajuda disponível. Não hesite em buscar assistência profissional e apoio de amigos e familiares.
A chave para superar os vícios está em compreender suas raízes, buscar tratamento e adotar estratégias para evitar recaídas. Cada passo em direção à recuperação é um passo em direção a uma vida mais plena e saudável.